Os atrativos de uma cidade magnífica. Desde que o explorador americano Hiram Bingham descobriu a cidade abandonada de Machu Picchu, em julho de 1911, arqueólogos do mundo inteiro tentam decifrar seus enigmas. Há (quase!) um consenso de que ela teria sido descartada 50 ou 60 anos antes da chegada dos conquistadores espanhóis ao Peru e de que estes jamais a teriam conhecido. Como os espanhóis eram bem abastecido de informantes supõe-se que a cidade era um segredo até para os próprios incas, com acesso restrito a uma elite de governantes e sacerdotes.
A quantidade de templos e espaços sagrados sugere que Machu Picchu era mesmo um importante centro religioso. Também não faltam evidências de que seria um grande observatório celeste, já que essa combinação entre religião e astronomia é a base de toda a arquitetura inca. Como a grande maioria das ossadas encontradas no local eram de mulheres, alguns acreditam que Machu Picchu era a morada das Virgens do Sol, ou seja: o harém do imperador. Oscar Zereceda, que estudou a cidade perdida dos incas durante anos, supõe que ela tinha sido uma espécie de universidade, um grande laboratório não só de astronomia, mais de engenharia e agricultura.
A ausência de objetos de valor, como peças de ouro, prata e pedras preciosas é o principal indício de que Machu Picchu foi abandonada inteiramente pelos seus habitantes. Só ficaram para atrás objetos de cerâmica, ferramentas e restos de um aqueduto, sinal de que a cidade talvez ainda estivesse inacabada quando sua população deu no pé. O por que de isso, no entanto, ninguém sabe.
A Trilha inca, com Machu Picchu como seu destino final, é a caminhada mais popular e mais conhecida entre os turistas. A caminhada total é de aproximadamente 45 km e leva quatro dias no total, incluindo uma visita de um dia às ruínas. O cenário natural é de tirar a respiração. Com vistas de montanhas cobertas de neve, a floresta coberta de nuvens e caminhando entre ruínas altamente preservadas, é uma experiência inesquecível.
Existem três hipóteses para explicar o abandono: uma epidemia, uma invasão das tribos da floresta, com as quais os incas viviam em guerra, ou uma rebelião contra as autoridades do Cuzco, castigada com pena de morte para toda a população do Machu Picchu.
Hoje, esse e outros mistérios atraem até 2,000 visitantes por dia. É possível até mesmo passar a noite lá em cima no Hotel Machu Picchu Ruinas, que tem 32 apartamentos, mas cobra caro: 270 dólares a diária. E é o fascínio pela cidade sagrada que faz dela um dos locais mais procurados para o próximo réveillon , só que as reservas poden estar já esgotadas.
Os reis do ouro e da batata. Foram os maias e astecas, habitantes da América Central, que despertaram a cobiça dos conquistadores espanhóis: se eles gostavam tanto assim do ouro, havia no Sul um grande império com uma fartura inimaginável do precioso metal. A elite desse império, diziam, se vestiam com ponchos de lâminas de ouro e as paredes dos templos eram revestidas do mesmo material (o que, aliás, pode-se conferir no Museu de Ouro de Lima, o melhor motivo para visitar a capital peruana). Os espanhóis ainda levaram 20 anos para descobrir o Peru e conferir que aquela historia não era mentira. Foi o fim dos incas o "Filhos do Sol", o maior império das Américas, que se estendia do Equador a Argentina, e cujos antepassados tinham uma técnica de mumificação 2,000 anos mais antiga que a dos egípcios. Sua maior herança, porém (mais conhecida que Machu Picchu!), foi um alimento descoberto por eles 3,000 antes de Cristo: a prosaica batata.